terça-feira, 30 de junho de 2009

Moça com Brinco de Pérola

Moça com Brinco de Pérola é uma obra inspiradora criada pelo cineasta Peter Webber. Webber recria com poesia o universo particular do pintor holandês Johannes Vermeer (1632-1675) sua casa objeto do seu desejo e seu atêlier objeto da sua alma inconformada com a realidade que o cerca. Ser criativo num ambiente “hóstil” onde a arte é tratada como produto de troca para garantir a sua sobrevivência e da longa prole que embala a rotina de sua casa á beira do canal.
Vermeer produz para garantir o sustento da casa. Griet trabalha para sobreviver. E por necessidade torna-se a empregada assistente do pintor. Manuseando tintas, combinando cores, preparando a fonte de construção da criatividade de Vermeer. Uma relação silenciosa que se constrói com detalhes e se rompe por não ter consistência, uma relação casual e causal para um enredo tecido com cores fortes e decadentes.
A Fotografia, Direção de Arte e o Figurino reconstrói com perfeição a Holanda e a época de Vermeer, é como se estivéssemos sendo espectadores de um grande quadro vivo, com contornos e nuances de uma verdadeira obra de arte. A fotografia passeia pelas tonalidades, brilhos, sombra e luz, possibilitando ao espectador uma viagem mística ao passado.
Griet a ficticia moça é o próprio retrato de uma pureza selvagem, silenciosa, sensível e bela. Um quadro vivo. Da relação afetuosa e contida do pintor com sua modelo nasce a moça com brinco de pérola, sob as tintas e cores de um gênio sonhador.
Considerada a “Monalisa” da Holanda, a pintura é uma das mais famosas da história da arte, pois pouco se sabe sobre sua real origem inspiradora. A autora do livro que deu origem ao filme, ao construir tal ficção nos presenteia com as inúmeras possibilidades que podem surgir ao vermos de perto uma tela e daí evocarmos a emoção do processo criativo e a relação com sua época.
Um filme delicado assim como a pérola que emoldura a beleza de Griet.
Colin Firth e Scarlet Jonhassen vivem com a maestria Vermmer e Griet dentro de uma relação que não se completa e que nunca existiu. Um história que existe em nós – espectadores recriadores deste destino de ficção.
Kennedy Saldanha