terça-feira, 6 de julho de 2010

Damien Hirst e um bilhão de possibilidades cravejadas nas paredes do Sobrado.

A vida pessoal de Damien Hirst não pode ser conceituada num catalogo informativo de exposição. Mas sua arte - objeto freqüente de apreciação - é sem duvida o seu mais rentável produto,impassível de qualquer julgamento diante das leis do mercado. De um mercado que tem regras próprias e bem delineadas na bolsa de valores. Damien Hirst nunca esteve em cartaz na terra do sol, mas tem aquecido o sabor dos ventos, quando questionamos a lógica de uma arte que nos toque, nos sensibilize e sobre tudo proponha caminhos que não seja o da total indiferença.

Damien Hisrt é inglês, nasceu em 1965 e tem a morte como símbolo, protótipo e arquétipo de uma obra incomoda. Incomoda na perspectiva de que sempre nos predispomos a apreciar a natureza coloquial dos álbuns de fotografia, que nos faz a todos parecermos iguais nesta sociedade de classificações. Sua obra inquieta nos leva a refletir sobre a nossa própria noção de conceito e nos leva a olhar para a vida sob uma ótica não delimitante, não hostil, mas profícua em todos os sentidos.

Seu nome figura numa lista das 100 pessoas mais ricas do reino. Sua alteza jamais rabiscou uma palavra sequer na cartilha deste súdito e nunca foi motivo de inspiração, se é que o crânio coberto por 8.601 diamantes, que pesam 1.106,18 quilates, criação sua, não teve alguma fonte de inspiração. As apreciações que podemos fazer de sua obra estão diretamente ligadas a um novo universo plástico que se assoma neste futuro de agora. Arte cinética, arte ciência, arte tecnológica. Revogação de conceitos? Destilação de afetos? Resignificação de propósitos?
A critica de hoje enovela-se em procedimentos que não estão a margem e nem refutam um mergulho mais profundo, por isso Damien Hirst não pode estar ausente de um novo olhar que se descortina com a velocidade do tempo. Um tempo que nos faz rever a natureza empírica da arte e sua necessidade de acomodação, refração e expansão nos equipamentos culturais que a cidade dispõe. A arte de Damien Hirst nos coloca diante de nós e da vulnerabilidade de olhar o mundo por uma única janela.

Kennedy Saldanha