Torre de Babel (PARTE II)
A moça que surtara a ponto dos pais terem se visto obrigados a ligar para o manicômio solicitando auxílio urgente, não tinha até então em seu histórico médico qualquer tipo diagnóstico anterior que apontasse, ou no mínimo, suspeitasse da presença de qualquer distúrbio psíquico maior do que uma leve tendência à depressão. Todavia, lá estava ela, fazendo com que os mais facilmente impressionáveis, acreditassem piamente que aquilo de fato se trava de um genuíno caso de possessão demoníaca.
“Alice, é Alice...? Não pode ser”, diziam alguns sussurrando em voz alta, tendo o volume amplificado pela madrugada, “Alice...” pensou consigo Elã atrevendo-se a aproximar um pouco mais do que os outros, “nome propício, Lewis Carroll quem o diga”. Já falaremos dele. Por hora, importa-nos apenas Alice e mais ninguém.
Nenhuma debutante conseguiria em circunstâncias normais resistir à força do braço de um enfermeiro de manicômio, comumente pré-selecionados, um tanto pela sua formação e dois tantos pela massa muscular. Ali, porém, um jazia desacordado devido a uma pancada certeira entre os olhos, o outro se erguia letárgico, há muito custo, sem compreender que tipo de insanidade concedia tal capacidade a uma figura franzina, de baixa estatura e habituada ao ócio de uma vida virtual, mais da metade do dia, ela passava diante do computador, a outra metade, passava também quando lhe faltavam compromissos.
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