terça-feira, 4 de novembro de 2008

ELÃ PECÚLIO - O detetive que enxergava a alma.

Primeiro Caso -
Torre de Babel (PARTE III)

De repente, a mãe de Alice que desejando não assistir o prelúdio do encarceramento de sua filha única numa instituição cujo estigma invocava emoções de vergonha e sofrimento, nem tanto para o doente, mas para quem tem vínculos com este, saiu para o lado de fora desacompanhada do pai que ainda não tornara do golpe recebido da filha enquanto tentava explica o motivo de ter ligado para um manicômio. A senhora, chamada Berenice, emudecida balbuciava fragmentos de frases ininteligíveis em direção à filha que estava de costas, Alice não ouvia nada, vagava perdida em algum lugar dentro de si, a mãe, por sua vez, não conseguia falar mais alto, posto que embora quisesse, tinha muito medo de que a filha escutasse, coisa que inevitavelmente ocasionaria numa nova troca de olhares com aquele semblante transtornado que ela jamais vira num rosto humano, que dirá, em sua prole.

Sorrateiramente, os três encarregados de subjugar a moça cercaram-na de modo que ela não pudesse dar conta dos três ao mesmo tempo. Destarte, o primeiro que tocou o chão foi o motorista, vítima de um sopapo tão hediondo que lhe havia rasgado da cartilagem nasal deixando exposta a estrutura interna do nariz, amiúde, o “pau da venta”. O segundo teve pior sorte, devido à cognição sonolenta dos que despertam pela metade, aquele há um minuto jazia inconsciente, retornara a mesma situação, com o agravante de que agora, do olho esquerdo entreaberto descia misturada numa lágrima, uma fina gota vermelha, oriunda dos vasos sanguíneos despedaçados pelo punho direito da infeliz. Aproveitando-se da sorte de ter sido deixado por último, e lógico, da injeção de efeito paralisante muscular que escondera nas costas da mão, o terceiro conseguiu rapidamente acertar a nádega da garota que caiu imediatamente debatendo-se em convulsões. Demorou pelo menos uns quinze minutos até que o motorista despertasse gritando de dor, quanto ao outro enfermeiro, não esperaram que este abrisse os olhos, puseram ambos, ele e a menina, em macas, e disparam feito bala para o manicômio.

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